quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Flagrantes da vida real

Andam pelos 10 ou 11 anos, é um bando ruidoso de miúdos da secundária à espera do autocarro.
- O Bernardo gosta de ti, Marta.
- Gosta?, diz Marta, os olhos arregalados.
- Gosta. Ele disse-me porquê, mas agora não me lembro.
E vira-se para os amigos.
Marta tenta disfarçar. Entre conversas cruzadas, volta à carga:
- Diz lá porque é que ele gosta de mim.
O outro nem responde, mergulhado na conversa. Marta volta a concentrar-se no leitor de MP3. Mas está intranquila.
- Diz lá, Nuno.
- Sei lá, não sejas chata. Já disse que não me lembro.
Marta desiste, visivelmente. Não é hoje que vai saber. Mas é mulher, sabe disfarçar com alguma dignidade.Volta serenamente para o MP3, resignada.
Chega o autocarro. Nuno, quando vai a subir, volta-se para trás e grita, pelo meio de um magote de gente:
- Olha Marta, já me lembro porque é que o Bernardo gosta de ti. Diz que é porque tens o cu grande.

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