sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Intermezzo

"Um país que precisa de um salvador 
não merece ser salvo" 
(Millôr Fernandes)


A Pátria não se importa de ser "a outra" de José Mourinho. Ele é o homem da sua vida, e ele há tão poucos... Arrostará com todas as condições, todas as esperas em silêncio, todas as intermitências. Estará sempre aqui, por vezes contentando-se com um telefonema apressado entre dois jantares com a legítima: "Sim, também te amo. O guarda-redes que vá fazendo uns exercícios." 
Sem ele, a Pátria sentir-se-á perdida, não há quem se lhe compare. Com ele, nem que seja por umas horas, sentir-se-á segura, triunfante, realizada. Venha quem vier. Por isso  faz a estrada de Madrid, descalça e desgrenhada, e sobe a Castellana para se pôr à janela do amado. Fará o que for preciso para o ter. Mendigará uma palavra, uma atenção, uma lembrança, como se de pérolas se tratasse. E espera assim conquistar o mundo. O amor vence tudo.

O Homem virá, talvez, numa manhã de nevoeiro, apressadamente, para dar a táctica. Acaba sempre tudo na mesma em Portugal. Tudo isto é tão ridículo e indecoroso que só espero que não se saiba lá fora.

(PS - A legítima é que parece não estar lá muito pelos ajustes. Felizmente - a bem da decência. Mas seja o que for que aconteça, já ninguém apaga o desconchavo.)

4 comentários:

  1. E agora é ajudar a selecção dando só indicações a Paulo Bento( que não foi convidado ,segundo ele)para orientar os jogadores durante estes dois jogos.
    Olha o que o Toni fez mandando a boca para o ar no "Prós e contras" ... dando ideias ao Madail como acção de desespero. Isto vai lindo vai!!!
    MJM

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  2. O Dunga está desempregado, se os portugueses quiserem substituir a cereja do bolo pelo chantily...

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  3. Estou para entender, JPB, se ainda somos realmente «sebastianistas» ou se nos fazem «sebastianistas». Não sei de ninguém que aplauda a opção de Madail. Mas ele tomou-a convencido de que agradava a toda a gente. Desconfio de que o ridículo (atroz) não está no povoléu, mas nesse pessoal que se faz intérprete dos supostos sentimentos do povoléu e só vai, com isso, acumulando disparates. As nossas «elites» decisórias são a nossa desgraça.

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  4. Somos sebastianistas, sim. Ninguém aplaude o Madaíl AGORA. Mas se o Mourinho tivesse vindo, muita gente acharia bem, ficaria contente e à espera que ele fizesse o milagre. As elites não vêm do nada.

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