S. Paulo
Os grandes edifícios das grandes cidades nunca dormem, como elas. E à noite, no prédio em frente, despertam em nós coisas inconfessáveis. O voyeur que há em cada um dá com ele à espera de entrever uma mulher a despir-se, um casal a fazer amor em cima da secretária, um empregado a roubar.
Mas altas horas, nas divisões desertas e abandonadas, quase podemos ouvir o silêncio lá dentro. Cada janela iluminada abre-se para um mundo à espera de ser de novo habitado. É o ruído de fundo da cidade que nos diz que a vida continua.