
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Porto
Fala-se muito da luz de Lisboa. Mas o Porto também tem uma luz incomparável, especialmente ao fim do dia.
Estas fotos foram feitas na foz do Douro.

George Steiner diz que a Europa são os cafés, e o mundo inteiro ao pé da mão. Conta que se sente no Céu na Galleria de Milão, sentado diante de um capuccino autêntico, com um bilhete para o Scala no bolso, quatro ou cinco jornais de todo o lado, o cheiro do chocolate ou da padaria e o perfume das vinte livrarias. Não precisa de mais nada.

Para os que não são de lá, para os sulistas em particular e os lisboetas em especial, o Porto é um lugar austero e cinzento, habitado por gente de sotaque patusco, provinciana, vivaça e conflituosa, e com uma excessiva dependência emocional de um clube de futebol.
Para vermos o Porto como ele aproximadamente é, temos que raspar uma espessa capa de ideias feitas e preconceitos. Então a cidade aparece. Acho eu.Possivelmente, através de outras ideias feitas, outros preconceitos. Outra camada de ilusão. Mas não acontecerá isso com outras cidades? É o preço - ou a vantagem - de ter uma alma.
Para vermos o Porto como ele aproximadamente é, temos que raspar uma espessa capa de ideias feitas e preconceitos. Então a cidade aparece. Acho eu.Possivelmente, através de outras ideias feitas, outros preconceitos. Outra camada de ilusão. Mas não acontecerá isso com outras cidades? É o preço - ou a vantagem - de ter uma alma.
O Porto é a mais europeia e civilizada das cidades portuguesas. Vejo no Porto coisas que muito raramente ainda vejo em Lisboa, se é que as vejo: um café, ao sábado ou domingo de manhã, cheio de gente a ler. Jornais (nem todos desportivos), revistas (nem todas daquelas de gente célebre por ser famosa), e até (Deus do Céu!) livros.
O ambiente é calmo, sussurrante. O Porto é civilizado e culto, gosta deste ritual, gosta do cheiro do café de manhã, misturado com o do papel e o das torradas.
O ambiente é calmo, sussurrante. O Porto é civilizado e culto, gosta deste ritual, gosta do cheiro do café de manhã, misturado com o do papel e o das torradas.
O Porto é uma cidade burguesa. Tem a rigidez de uma folha de contabilidade. Não tem a loucura mansa da aristocracia. Não é estouvada, desprendida, snobe ou indolente. Joga pelo seguro. É contida. Convive intra-muros, de cortinas cerradas, longe das vistas dos estranhos. Tirando os dias de vitória do F.C. Porto, só sai à rua uma vez por ano, rigorosamente no mesmo dia - o São João. Mas, aí, explode. Depois arruma a tralha e volta para casa mais 364 dias, cumprida a catarse.
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