quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Douce France

Paris, 1982
Em 1789, a França explode contra o direito divino dos reis, contra a velha ordem, por um mundo novo de liberdade, igualdade e fraternidade.
Em 1968, a França explode contra a sociedade de consumo e a alienação burguesa, pela imaginação ao poder e a proibição de proibir, entrevendo a praia sob as calçadas.
Em 2010, a França explode porque não se quer reformar dois anos mais tarde.
Cada época tem a França que merece.

10 comentários:

  1. Nem mais !!!
    Não é só pela reforma,há algo mais ....
    MJM

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  2. A crise é muito mais profunda de que a simples questão da reforma... Os franceses, e também nós, estrangeiros que vivemos aqui, estamos fartos das mentiras e da duplicidade do Governo, da injustiça social, da pouca esperança que nos deixam para o futuro...

    E vocês aí em baixo, não dizem nada, está tudo contente? Ah, é verdade, o Governo e a oposição cuidam de vós... Podem dormir em paz...

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  3. Nenhuma revolta tem uma só causa. Mas a reforma é a bandeira desta, e é isso que eu aponto.
    E sim, nós por cá todos bem. Sempre estivemos...

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  4. Acho bastante reducionista esta análise.
    Os franceses,pelo menos, vêm para a rua protestar e nós? Ficamos no sofã ou vamos ao Hipermercado às 11h da noite ao domingo, não é?

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  5. Vamos ver se Sarkozy consegue a reforma. Os franceses não estão habituados a reformas mas sim a revoluções quando a França está mal.Ele está a fazer um jogo perigoso,pode ser que a sorte o bafeje.
    MJM

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  6. Não é nada! No próximo dia 24 de novembro temos grève générale au Portugal.
    Lisaa

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  7. e a juventude que merece

    não será muy diferente da de 1789 violenta
    anárquica destrutiva ressabiada egoísta e esfomeada de bens (como a outra a era de comida)

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  8. Eu não digo que a revolta francesa não seja justa. Há mil e um motivos para os franceses se revoltarem. Mas já os havia, antes da decisão de rever a idade da reforma - e provavelmente ainda mais válidos que esta.
    O que eu pretendo ressaltar é que as revoltas de 1789 e 1968 contestavam as bases da sociedade no seu todo e não apenas uma ou duas leis, punham em causa toda uma forma de encarar a vida e a organização social. Foram revoltas totais, CULTURAIS - algo em que a França sempre pareceu estar muito à frente das outras nações.
    Lutar pela idade da reforma, lutar por melhores empregos e oportunidades de carreira como fazem os estudantes, é meritório e necessário (e ninguém como as franceses para, ainda hoje, porem o país de pantanas quando resolvem fazê-lo. Quando se trata de greves, eles não costumam brincar em serviço.) Mas é uma luta que não contesta o sistema, simplesmente reivindica mais benesses dele.
    Ninguém quer fazer uma revolução em França. E, em 1789 e 1968, quiseram.

    Quanto a Portugal... Temos uma greve geral marcada para daqui a um mês, não é? Eu sei lá o que é que vai acontecer daqui até lá... E nesse dia, uns vão vir para a rua, outros vão aproveitar para ir para os copos ou para a praia se ainda estiver o verão de S. Martinho, e muitos outros vão mas é trabalhar para o patrão não lhes descontar, que isto a vida está difícil.
    Nem franceses nem gregos esperaram para protestar num dia marcado - sairam para a rua e pronto. Aqui estamos, mais por timidez do que por amor da ordem, cada vez mais parecidos com os holandeses segundo Marx: se lhes disserem para fazer uma revolução numa estação de caminho de ferro, a primeira coisa que fazem é comprar um bilhete de gare.
    A não ser, claro, no futebol. Aí, somos capazes de matar por um penalty mal marcado. Não é brilhante.

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