sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Coisamailinda

Para as bandas de Castro Verde

No Alentejo, a terra ondeia como o corpo de uma mulher. Ou estende-se como um tapete vivo. Os homens são como as árvores: ora juntos ora dispersos, mas iguais, em pé contra todos os ventos, e de casca dura. Ficam ali, quietos, olhando o horizonte, sabendo que no dia em que conseguirem tocá-lo estará perto o fim da jornada. Por isso não têm pressa.
No Alentejo, os deuses não têm píncaros de onde observar os homens. Por isso, têm que se misturar com eles, comer e beber das mesmas malgas, palmilhar os mesmos caminhos. Também por isso as igrejas são belas, mas têm pouca gente. Os homens confiam mais em si próprios, e uns nos outros, do que num poder qualquer.
No Alentejo, vê-se até muito longe, e o longe é perto. A terra muda de cor, cobre-se de penugem, fica seca, estala ou canta sob a água. E os caminhos nunca acabam.

8 comentários:

  1. Passei em Serpa quatro dos melhores anos da minha vida.

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  2. Alentejo
    A lua que te ilumina,
    Terra da cor dos olhos de quem olha!
    A paz que se adivinha
    Na tua solidão
    Que nenhuma mesquinha
    Condição
    Pode compreender e povoar!
    O mistério da tua imensidão
    Onde o tempo caminha
    Sem chegar!...
    (José Régio)

    É nessa imensidão do olhar
    que me perco,
    me envolvo,
    e renasço a cada dia
    das suas entrenhas!
    MJM

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  3. Agora que sou alentejano adoptivo...vai para quase 3 anos, JPB, acho que esta é uma bela e certeira descrição.
    Gostei.
    Bom fim de semana

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  4. devias viver 48 anos no Alentejo...e depois fotografavas os caminhos velhos ,sem arvores,paisagens deprimentes,tardes nostalgicas,e dizias o que disseste....dizias mas era o caralho(que me desculpem os mais pudicos)

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  5. desculpa,eu sou o porco,o teu velho amigo porco

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  6. o porco de coração partido,ainda há uns dias escrevi esse comentario e depois pedi-te desculpas,e tu disseste "tu é que escreveste,esperava mais de ti,um abraço"...estejas onde estiveres,pois para mim a morte é simplesmente o fim da vida,com esta frase,possivelmente dirias que eu conquistaria novamente o porco de ouro,como me disseste uma vez,não sei se conseguirei ir outra vez ao chat por onde andavas,pois eras para mim uma referencia,um ponto de apoio,sem nunca dizeres o que eras na realidade,eu sabia que estava aí um ser humano de qualidade,um abraço muito grande do teu velho amigo Porco.PS os meus sentimentos a toda a familia do toni 25 cms. O meu endereço bolinador@hotmail.com

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  7. Conheço muito pouco do Alentejo, mas esse pouco ficou a dever-se a convites de amigos que se deixaram seduzir pela quietude das paisagens e a lhaneza dos naturais. Regressei sempre com vontade de voltar...e quando o faço...volto a ter vontade de voltar... e não de ficar !!! É a vida dum paisano ao serviço dos urbano-depressivos que habitam a metrópole !!!
    abraços para Carmita e António, os RESISTENTES !!!

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