quinta-feira, 15 de abril de 2010

Esta gente passa-se

Para Carlos Esperança, o catolicismo é uma marca cultural em Portugal «imposta pela violência». O presidente da associação apontou que foi fruto de «conversões colectivas por imposição dos príncipes, imperadores e dos reis ou pelas conquistas».

Eu até tenho a bondade de esperar que estas citações tenham sido mal feitas, e se verifique a clássica omissão do devido contexto. É que também tenho as minhas questões com Deus e as suas igrejas. Não digo é disparates destes.

Momentos

Fala com ela. Todos os dias lhe conta o que sabe e ouve. Brinca, zanga-se. Lê-lhe o seu querido Alberto Caeiro. Põe-lhe Bach em surdina junto ao ouvido, a "Paixão Segundo S. Mateus," que ela também amava, e ama. Todos os dias a massaja, a acaricia, lhe põe o seu perfume YSL. E conversa com ela, e lê-lhe, e não desiste. Não sabe se ela a ouve. Sabe, sim, que provavelmente vai perder a batalha. Mas não desiste. Os médicos dizem que pouco há a esperar, o coma é profundo, o cenário é crítico. Mas nunca nada é certo, já viram de tudo. Um enfermeiro disse-lhe há dias: "Acredite. Precisamos que vocês acreditem, para nós também acreditarmos." E ela acredita, levando tudo à frente. Não é uma crença patética no milagre, é a certeza de que, aconteça o que acontecer, há que lutar até ao fim. Já lá vão quase duas semanas que tem a Mãe naquele hospital. Possivelmente muitas mais passarão, mas não vai desistir de a trazer de volta.
Neste momento, quase não a tenho nem sei quando a terei. Mas é, mais do que nunca, a mulher da minh'alma.
Não fui a Espanha.