Duas minhocas, uma vermelha e outra verde, emergiram um dia em Albufeira. Apesar de serem, obviamente, de clubes diferentes e historicamente rivais, ficaram tão felizes que se entrelaçaram com ternura e alguma volúpia. Vinham de óculos, talvez escuros, e tinham antenas como os caracóis - sabe-se lá porquê e para quê. E por aqui ficaram, imortalizadas no seu terno amplexo, ou na sua dança, ou no que raio é que estão a fazer.
Ali perto, noutra rotunda, uma esfera armilar no meio de objectos indistintos (pelo menos para mim, que só lá demorei o tempo suficiente para fotografar a coisa) sugere uma qualquer vocação universal de Albufeira, embora a única imaginável seja a de receber, acarinhar e apaparicar a classe operária inglesa nas suas ruidosas e etílicas vilegiaturas estivais.
E para remate, a consagração escultórica de uns brindes aparentemente saídos em caixas de cereais, sacos de batatas fritas ou qualquer coisa do género. Ou será mesmo, como sugere a Canuck no oportuno comentário que aqui deixou, simples publicidade a uma marca de relógios? Seja o que for, para mim sugere que está na hora de organizar um museu para a arte de rotunda. Talvez em Albufeira, terra que patentemente tanto acarinha esta categoria artística. Com sorte, ficará às moscas, como os outros.