quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Intermezzo

No domingo passado estava um homem a ler os Contos de Bertrand Russel enquanto almoçava na marisqueira O Cabecinha, em Aljustrel. Eu nem sequer sabia que Russel tinha contos publicados, ou pelo menos publicados em português. Não é que me interesse muito, porque a criatura já me deu o que tinha a dar há muitos anos, e para mim é assunto encerrado. Tenho mais coisas que me ralem. O que me tira do meu remanso para aqui vir dar ao dedo é que isto de descobrir alguém a ler Bertrand Russel enquanto come secretos de porco preto e bebe um branco da Herdade da Malhadinha n'O Cabecinha de Aljustrel (que recomendo sem rebuço) é daquelas pequenas coisas sem grande importância que tornam a vida engraçada.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Correntes

jjamarante, que é um querido, referiu-me numa coisa chamada "corrente," pela qual as pessoas que fazem blogues vão dizendo bem umas das outras. Ora eu, das correntes, sempre achei que quando uma passasse por mim fugiria, como daqueles comboios que se faziam nas festas, percorrendo a casa com chapelinhos de cartolina na cabeça, arrebanhando incautos ao som de marchinhas brasileiras. Mas ele, que tem um blogue notável pelo que nos ensina sobre a pureza de olhar as coisas, não merece que eu agora seja  envergonhado, ou modesto. Mais tarde ou mais cedo eu teria que fazer uma coisa destas, e agora é tão boa altura como qualquer outra.
Acontece que sou um péssimo classificador de blogues, pois a grande maioria dos que existem partilha a característica essencial de não serem lidos por mim. A blogosfera é um mar que eu navego erraticamente e sem cartas ou diário de bordo. Por isso não posso, legitimamente, fazer uma classificação. Não sou um coca-bichinhos como a Shyznogoud (ninguém é, acho). Também não é por ela ser minha amiga, mai-la mana, e de vez em quando ter a pachorra de me referir que eu a refiro a ela e àquele antro que é o Jugular, que eu leio muitas vezes e nomeadamente quando me está a apetecer irritar com qualquer coisa. O Jorge C. sabe do que falo, e sabe que também o amo. 
Com a peripatética Luísa palmilho a cidade que nos calhou em sorte para nascer ou dela sermos, e que é a mais feia do mundo, à excepção de todas as outras. Refiro o maradona entre os pesos-pesados (como dizem as meninas das informações da Bolsa e do PSI 20) porque me diverte a maneira como ele se diverte fazendo os outros levarem-no a sério, e muitos levarem-se a si próprios também. No registo "passado da carola" tenho o Atum Macaco, pela sintaxe e pela forma como tortura as palavras e expressões mais inocentes, coitaditas.  E quero aqui referir a descoberta recente e casual do pipoco, um rapaz snob que tem uma expressiva e fiel ranchada de comentadoras boas como o milho e singularmente erotizadas por ele. É a inveja de qualquer um. Quanto ao resto (but not the least, porque valem todos a pena,) é favor ver a lista de vizinhos aí do lado, que eu não tenho a vossa vida.